Série 1900 da CP

Locomotiva 1902, a rebocar uma composição de areia na Estação de Alcácer do Sal, em 2008.

A série 1900, igualmente identificada como Série 1901 a 1913, refere-se a um tipo de locomotiva diesel-eléctrica da operadora Caminhos de Ferro Portugueses e da sua sucessora, a empresa Comboios de Portugal. Entraram ao serviço em 1981.[1][2] Das treze unidades recebidas pela Comboios de Portugal, oito foram vendidas para a Medway, três estão encostadas no Barreiro e duas foram demolidas em 2015.[3]

História

Locomotiva 1901 a rebocar uma composição de mercadorias junto à Estação de Canal Caveira, na Linha do Sul, em 2009.

A operadora Caminhos de Ferro Portugueses adquiriu as treze locomotivas desta série em 1979, originalmente apenas para rebocar as composições de transporte de óleo combustível desde a Refinaria de Sines até à Central termoeléctrica do Carregado.[1][4] Com a sua grande potência e freio reostático, acreditava-se que poderiam rebocar mais facilmente as pesadas composições de mercadorias no Ramal de Sines, que apresenta um duro perfil longitudinal.[4] Foram as primeiras locomotivas a gasóleo em Portugal a possuírem freios dinâmicos.[5]

Uma vez que se planeava a utilização de comboios-bloco nestes serviços, as locomotivas foram, desde o princípio, equipadas com engates automáticos de garra, do tipo normalizado da Associação de Caminhos de Ferro Norte-Americanos.[6][4] Esta série entrou ao serviço em 1981.[1][2]

No entanto, após a aquisição desta série, o transporte de óleo combustível foi quase sempre assegurado por barcaças entre Sines e Carregado, tendo o caminho de ferro sido utilizado só esporadicamente.[4] Este facto, aliado às Crises do petróleo e os efeitos económicos da independência das antigas colónias portuguesas, que reduziram os investimentos na Refinaria de Sines, tornaram as locomotivas desta série largamente excedentárias, pelo que algumas foram adaptadas com engates standard e destinadas a rebocar outras composições de mercadorias e de passageiros.[4] Após a abertura do Ramal de Neves-Corvo, em 1991, também asseguraram os comboios de minério entre a Mina de Neves-Corvo e a Estação de Praias-Sado, e os comboios de areia do Vale do Guizo, na viagem de regresso.[4] No ano seguinte, começaram a rebocar os comboios de carvão na Rota dos Granéis, entre o Porto de Sines e a Central Termoeléctrica do Pego, e após os lanços por onde passa este serviço terem sido totalmente electrificados, em 2002, estas locomotivas foram substituídas pela Série 5600.[4][7][1][8] Também asseguraram a tracção de comboios bloco de vagões cisterna, para a Central Termoléctrica de Setúbal.[8]

Descrição

Locomotiva 1905, junto com a automotora 2355 nas oficinas de Campolide.

Esta série é composta por treze locomotivas a gasóleo, numeradas de 1901 a 1913.[9][10][2] Podem alcançar uma velocidade máxima de 100 Km/h,[2][9] e são capazes de circular em unidade dupla.[10] Os rodados apresentam a disposição Co' Co',[9] e os engates são do tipo Atlas-Alliance AAR - Tipo F.[1] A transmissão é eléctrica,[2] e os sistemas de frenagem são do tipo reostático.[4] Apresentam uma potência de 1623 kW, e um esforço de tracção de 396 kN.[9] Estão equipadas com engates automáticos Atlas-Alliance, do Tipo F da AAR.[1]

Manutenção do motor da locomotiva 1909, nas oficinas do Entroncamento.

Possuem uma caixa muito semelhante à das locomotivas da Série 72000 da operadora Société Nationale des Chemins de Fer Français, mas são diferentes das suas congéneres francesas nos bogies, que não são monomotores, e no motor a gasóleo, que é menos potente.[9][5]

Serviços

Além de vários serviços de mercadorias, também rebocaram comboios de passageiros como o serviço Sotavento, no qual substituíram, a partir de 1983, as locomotivas da Série 1800.[4]

Atualmente,[quando?] apenas circulam as locomotivas 1902, 1903 (Eva), 1904, 1905, 1907, 1909, 1911 e 1913, ao serviço da Medway.[3]

Ficha técnica

title= Esquema da versão com engate Atlas
title= Esquema da versão com engate Atlas
title= Esquema da versão com engate standard
title= Esquema da versão com engate standard
  • Ano de Entrada ao Serviço: 1981[2][9]
  • Número de unidades construídas: 13 (1901-1913)[2][9]
  • Velocidade Máxima: 100 km/h[2][9]
  • Disposição dos Rodados: Co' Co'[9]
  • Tipo de engates Atlas-Alliance AAR - Tipo F[1]
  • Transmissão (tipo): Eléctrica[2]
  • Sistemas de travagem:
  • Potência: 1623 kW[9]
  • Motor diesel:
  • Esforço de tracção: 396 kN[9]

Lista de material

legenda; contagem
: qt. estado
710⏩︎
8 vendidas, em Portugal
810⛛︎
3 abatidas
880✖︎
2 demolidas
13(total)
: a observações[3]
1901
810⛛︎
[quando?] Barreiro
1902
710⏩︎
[quando?] Medway
1903
710⏩︎
[quando?] Medway: Eva
1904
710⏩︎
[quando?] Medway
1905
710⏩︎
[quando?] Medway
1906
880✖︎
2015
1907
710⏩︎
[quando?] Medway
1908
810⛛︎
[quando?] Barreiro
1909
710⏩︎
[quando?] Medway
1910
880✖︎
2015
1911
710⏩︎
[quando?] Medway
1912
810⛛︎
[quando?] Barreiro
1913
710⏩︎
[quando?] Medway

Ver também

Referências

  1. a b c d e f g TÃO, Manuel Margarido (2005). «Atrelagens: Uma Breve Abordagem Histórica». O Foguete. Ano 4 (13). Entroncamento: Associação de Amigos do Museu Nacional Ferroviário. p. 36-38. ISSN 1647-7073 
  2. a b c d e f g h i «Locomotivas Diesel Série: 1900 (1901-1913)». Comboios de Portugal. Consultado em 5 de Março de 2013. Arquivado do original em 22 de Junho de 2007 
  3. a b c «Inventário Portugal Ferroviário». inventario.portugalferroviario.net. Consultado em 11 de janeiro de 2021 
  4. a b c d e f g h i j CONCEIÇÃO, Marcos A. (2002). «Línea de Sines». Maquetren (em espanhol). Ano 11 (106). Madrid: Revistas Profesionales. p. 64-69 
  5. a b MARTINS et al, 1996:92
  6. MARTINS et al, 1996:92-98
  7. BRAZÃO, Carlos (1994). «Noticias». Maquetren (em espanhol). Ano 3 (21). Madrid: Resistor, S. A. p. 63 
  8. a b MARTINS et al, 1996:98
  9. a b c d e f g h i j k l «CLP locomotives and shunters». Railfaneurope. 8 de Janeiro de 2022. Consultado em 23 de Março de 2024 
  10. a b REIS et al 3006:182

Bibliografia

  • MARTINS, João Paulo, BRION, Madalena, SOUSA, Miguel de, LEVY, Maurício, AMORIM, Óscar (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  • REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre as locomotivas da Série 1900

Ligações externas

  • «Página com fotografias das locomotivas da Série 1900, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês) 
  • «Página sobre a Série 1900, no sítio electrónico Trainspo» (em inglês) 
  • «Página sobre a Série 1900, no sítio electrónico Trainlogistic» 
  • v
  • d
  • e
Material motor ferroviário em Portugal
Tipologia ↓ diesel / gasolina / gasogénio vapor:
carvão / óleo
elétrica:
IP: 25 kV / 50 kHz ou (*) 1500 V; outras redes q.v.
← Tracção
Estado → em serviço fora de serviço (ou uso ocasional) em serviço Bitola
Rede IP (Notas: A itálico, séries com uso partilhado entre a C.P. e outras empresas, simult. ou não; a itálico sublinhado, séries usadas exclusivamente por outra empresa.)
automotoras 592 remodelados M1 0050 0100 0500 0750 0600 0650 1001 Z1 2000 2050 2080



ABm1-18

remodelados 2300 2400 3400 3500 4000 1668 mm
(ibérica)
VIP
0350
0450
0300
0400
 2100⎫ 
2150⎬ 
2200⎭ 
⎰*3100
⎱*3200

2240

3150*
3250*
9630 9500
 
9700─╮
9400←╯
ME1 ME21 9050 9100 9300 9600 (Vale do Lima) (não existe atualmente tração elétrica na rede ferroviária métrica da IP) 1000 mm
(métrica)
locomotivas 9000 9020 Lydya
E1 E21 E31 E41 E51 E61 E71 E81 E91 E101 E111 E121 E131 E141 E151 E161 E181 E201 1-2
1200 1400 1500 1520 1900 1930 6000 1300 1320 1550 1800 1960
D. Luiz S. Inauguração 001 01 1 09 011 17 021 21 031 32 41 041 41 070 71 81 91 101 103 110 141 151 175 181 0151 0181 0201 201 211 221 261 281 291 301 351 401 501 551 601 701 751 801 831 851 951 2068 01002 1008 2000 02012 02049 2133 51 (BA) 11 (CFE)
2500 2550 3300* 2600 2620 4700 5600 1668 mm
(ibérica)
locotratoras 1150 1000 1020 1050 1100 005
Redes locais (excl. sistemas de frota fixa específica, como funiculares e teleféricos)
bondes
STCP101 STCP112 STCP115 STCP120 STCP150 STCP249 STCP250 STCP266 STCP300 STCP350 STCP404 STCP500
STCP200 STCP270 STCP280 1435 mm
(padrão)
automotoras ML7 ML79 ML90 ML95 ML97 ML99 ML200
LRVs, articulados MP000 MP100 MP200 C000
CCFL501 CCFL601 900 mm
bondes TUB1
CCFL203 CCFL283 CCFL284 CCFL323 CCFL343 CCFL363 CCFL389 CCFL400 CCFL403 CCFL475 CCFL500 CCFL508 CCFL532 CCFL552 CCFL601 CCFL613 CCFL736 CCFL761 CCFL801 CCFL806 CCFL901 TUB01
CCFL001 CCFL003 CCFL005 CCFL541 CCFL701 CCFL737
(PdV-VdC) (CCFTNA) (CFPLER) SMTUC01 SMTUC03 SMTUC16 (CSA) 1000 mm
(métrica)
locomotivas CSA 23074 (Pomarão)
(Transpraia) (P.d’El-Rei) (Mira) (CFPL) 600 mm
(JAPH) N0(JAPPD) 2140 mm
Estado → em serviço fora de serviço em serviço Bitola
Tipologia ↑ diesel / gasolina / gasogénio vapor:
carvão / óleo
elétrica ← Tracção
Ver também: Linhas • Serviços • Empresas • Multimédia • Acidentes
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