Manuel Maria Coelho

Manuel Maria Coelho
Manuel Maria Coelho
Presidente do Ministério de Portugal[1]
Período 19 de outubro de 1921
até 5 de novembro de 1921
Presidente António José de Almeida
Antecessor(a) António Granjo
Sucessor(a) Carlos Maia Pinto
29.º Governador-geral de Angola
Período 1911-1912
Antecessor(a) Caetano Francisco Cláudio Eugénio Gonçalves
Sucessor(a) Manuel Moreira da Fonseca
Dados pessoais
Nascimento 6 de março de 1857
Chaves, Reino de Portugal Reino de Portugal
Morte 9 de janeiro de 1943 (85 anos)
Lisboa, Portugal Portugal
Alma mater Academia Militar
Assinatura Assinatura de Manuel Maria Coelho
Serviço militar
Lealdade Portugal
Serviço/ramo Exército Português
Graduação Coronel

Manuel Maria Coelho (Chaves, 6 de Março de 1857Lisboa, 9 de Janeiro de 1943) foi um oficial do Exército Português e político dos tempos da Primeira República Portuguesa, que, entre outras funções de relevo, foi governador de Angola e presidente do Ministério (primeiro-ministro) após a "Noite Sangrenta" de 19 de Outubro de 1921. Activo militante republicano e membro da Maçonaria, desenvolveu uma intensa actividade na imprensa, tendo sido director, fundador e colaborador de diversos jornais e publicações.[2] No posto de tenente, foi um dos revolucionário da Revolta do 31 de Janeiro de 1891, sendo autor, juntamente com João Chagas, da obra História da Revolta do Porto.

Biografia

Nascido em Chaves frequentou o ensino secundário nos liceus de Braga e do Porto, após o que foi admitido na Escola do Exército, onde concluiu o curso de infantaria.

Em 1880, ainda aluno da Escola do Exército, envolveu-se na actividade política como apoiante dos ideais republicanos, convicções que defenderia publicamente durante toda a sua vida e que lhe trariam, por diversas vezes, dificuldades na sua carreira militar.

Activo colaborador da imprensa republicana, destacou-se na crítica à cedência portuguesa ao ultimato britânico de Janeiro de 1890, o que lhe valeu uma transferência compulsiva de unidade, sendo colocado na guarnição da cidade o Porto, adstrito ao Regimento de Infantaria n.º 10.[3]

Naquele Regimento, com o posto de tenente, foi um activo propagandista republicano. Surgindo aquilo que os republicanos do Porto entenderam como uma oportunidade de impor o regime republicano pela via das armas, foi um dos líderes da Revolta do 31 de Janeiro de 1891, que a partir do Porto tentou derrubar a Monarquia Constitucional Portuguesa.

Quando aquela sublevação fracassou, Manuel Maria Coelho foi detido e sujeito a um conselho de guerra que o condenou a 5 anos de degredo em Angola, pena que cumpriu até 1896.

Terminada a deportação, voltou a Portugal e retomou, na imprensa, a sua luta visando implantar um movimento republicano coeso, o que nunca conseguiu. Sentindo-se desapoiado, regressou voluntariamente a Angola. Depois de uma breve passagem por Portugal, durante a qual retomou, sem êxito, a sua acção de propaganda republicana, retirou-se para a ilha de São Tomé, onde permaneceu até 1910, apenas regressando a Lisboa após a Proclamação da República Portuguesa.

Após a implantação da República, a sua participação na Revolta de 31 de Janeiro de 1891 fez dele um dos poucos detentores da medalha de bronze comemorativa daquela sublevação, distinção exclusiva dos revolucionários que a fizeram.[4]

Depois da Implantação da República, com o posto de major, foi nomeado para o cargo de governador-geral de Angola (de 18 de Janeiro de 1911 a 26 de Janeiro de 1912). Em 1914 foi encarregado de chefiar uma missão luso-alemã encarregue de estudar a construção de uma rede de caminho-de-ferro que ligasse o sul de Angola à então colónia alemã do Sudoeste Africano. Também participou numa comissão de estudo encarregue de determinar a viabilidade de introduzir o cultivo da beterraba sacarina em Angola. Em 1917 assumiu o governo interino da Guiné Portuguesa.[2]

Também desempenhou funções na administração da Caixa Geral de Depósitos e depois na administração da Companhia de Moçambique.[5]

Nas eleições gerais de 1921 foi eleito deputado pelo círculo de Lisboa, iniciando uma breve carreira parlamentar. Nesse mesmo ano, com o posto de coronel foi nomeado comandante do Hospital Militar de Campolide, cargo que ocupava quando foi um dos líderes da revolta que levou à demissão e assassinato de António Granjo.

No decurso da revolta que desembocaria na "Noite Sangrenta" de 19 de Outubro de 1921 e no assassinato de Machado Santos e de António Granjo, que acabara de se demitir de presidente do Ministério, foi escolhido por António José de Almeida, então presidente da República, e com o acordo do directório do Partido Democrático Republicano, para chefiar o governo de emergência que então se formou.[6] Exerceu as funções entre 19 de Outubro e 5 de Novembro de 1921.[7] Solicitou a demissão a 3 de Novembro por se temer uma intervenção estrangeira, correndo boatos da chegada iminente de navios de guerra ingleses, franceses e espanhóis.

Passou à reserva no posto de coronel de Infantaria, dedicando-se então a estudos de História da Filosofia e de Ciências Naturais. Foi sócio destacado da Sociedade de Geografia de Lisboa.

Foi fundador e redactor de diversos periódicos republicanos, para além de prolífico articulista em vários jornais republicanos. Ainda aluno da Escola do Exército, fundou e dirigiu o semanário A Justiça, publicado em Lisboa em 1880 e 1881. Quando esteve degredado em Angola, fundou e dirigiu o periódico A Província, publicado em Luanda no ano de 1893. Em 1898 dirigiu o vespertino portuense a Folha do Norte.

Em 1931 foi o 31.º Presidente do Conselho da Ordem do Grande Oriente Lusitano.[8]

Em 1932, já depois do Golpe de 28 de Maio de 1926, dirigiu o Diário da Noite, de Lisboa, e colaborou em diversos periódicos republicanos, entre os quais a revista Seara Nova, na qual publicou diversos artigos entre 1929 e 1936. Em colaboração com João Chagas é autor da obra História da Revolta do Porto,[9] um trabalho de referência sobre a Revolta de 31 de Janeiro de 1891.

Nunca aceitou condecorações por ser Maçon.

Ver também

Notas

  1. «Governo de Portugal». www.portugal.gov.pt. Consultado em 10 de novembro de 2022 
  2. a b «Nota biográfica». Centenariorepublica.pt 
  3. «Nota biográfica». Dodouropress.pt 
  4. «Manuel Maria Coelho na Infopédia». Infopédia 
  5. «Nota biográfica». Primeirarepublica.org 
  6. «O». Semiramis.weblog.com.pt. 19 de Outubro de 1921 
  7. «O Governo de Manuel Maria Coelho». Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Arquivado do original em 12 de março de 2011 
  8. «Título ainda não informado (favor adicionar)». Tripod.com 
  9. «História da revolta do Porto». Lisboa: Empreza Democratica de Portugal,. Gutenberg.org. 1901 

Ligações externas

  • Manuel Maria Coelho
  • Manuel Maria Coelho no Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses
  • História da Revolução do Porto no Project Gutenberg

Precedido por
Caetano Francisco Cláudio Eugénio Gonçalves
Governador-Geral de Angola
19111912
Sucedido por
Manuel Moreira da Fonseca
Precedido por
José António de Andrade Sequeira
Governador da Guiné Portuguesa
1917
Sucedido por
Carlos Ivo de Sá Ferreira
Precedido por
António Granjo
Presidente do Ministério de Portugal
1921
(XXXII Governo Republicano)
Sucedido por
Carlos Maia Pinto
Precedido por
António Granjo
Ministro do Interior
1921
(XXXII Governo Republicano)
Sucedido por
Carlos Maia Pinto
Precedido por
Manuel Ferreira da Rocha
(de facto)
Carlos Maia Pinto
(não empossado)
José Eduardo de Carvalho Crato
(não empossado)
Ministro das Colónias
(interino)
1921
(XXXII Governo Republicano)
Sucedido por
Carlos Maia Pinto
Precedido por
Alfredo Azevedo e Sousa
Ministro do Trabalho e Previdência Social
(interino)
1921
(XXXII Governo Republicano)
Sucedido por
António Alberto Torres Garcia
(não empossado)
Francisco Trancoso
(interino)
Augusto Alves dos Santos
(de facto)
  • v
  • d
  • e
Presidentes do Ministério de Portugal durante a Primeira República Portuguesa (1910–1926)

Teófilo Braga (Pres. Gov. Prov.) João Chagas Augusto de Vasconcelos Duarte Leite Augusto de Vasconcelos (interino) Duarte Leite (continuação) Afonso Costa Bernardino Machado Victor Hugo de Azevedo Coutinho Joaquim Pimenta de Castro Junta Constitucional João Chagas (não empossado) José de Castro (inicialmente interino) Afonso Costa (2.ª vez) António José de Almeida Afonso Costa (interino) António José de Almeida (continuação) Afonso Costa (3.ª vez) José Norton de Matos (interino) Afonso Costa (3.ª vez; continuação) José Norton de Matos (interino) Junta Revolucionária Sidónio Pais (Pres. Ministério; depois Pres. República) Governo João do Canto e Castro (inicialmente interino; depois Pres. República) João Tamagnini Barbosa José Relvas Domingos Pereira Alfredo de Sá Cardoso Francisco Fernandes Costa (não empossado) Alfredo de Sá Cardoso (reconduzido) Domingos Pereira (2.ª vez) António Maria Baptista José Ramos Preto (inicialmente interino) António Maria da Silva António Granjo Álvaro de Castro Liberato Pinto Bernardino Machado (2.ª vez) Tomé de Barros Queirós António Granjo (2.ª vez) Ministério Manuel Maria Coelho • Carlos Maia Pinto Francisco da Cunha Leal António Maria da Silva (2.ª vez) António Ginestal Machado Álvaro de Castro (2.ª vez) Alfredo Rodrigues Gaspar José Domingues dos Santos Vitorino Guimarães António Maria da Silva (3.ª vez) Domingos Pereira (3.ª vez) António Maria da Silva (4.ª vez)

Bandeira do presidente do Ministério
« Monarquia Constitucional
Segunda República »
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António José de Almeida Bernardino Machado (interino) António José de Almeida (continuação) João Chagas Silvestre Falcão Alberto da Silveira (interino) Silvestre Falcão (continuação) Duarte Leite Augusto de Vasconcelos (interino) Duarte Leite (continuação) Rodrigo Rodrigues Bernardino Machado Alexandre Braga Joaquim Pimenta de Castro (interino) Pedro Gomes Teixeira Junta Constitucional João Chagas (não empossado) José de Castro (interino) José Augusto Ferreira da Silva • João Catanho de Meneses Artur de Almeida Ribeiro António Pereira Reis • Brás Mousinho de Albuquerque António José de Almeida (interino) Brás Mousinho de Albuquerque (continuação) Artur de Almeida Ribeiro (2.ª vez) Junta Revolucionária António Machado Santos Henrique Forbes de Bessa • João Tamagnini Barbosa António Bernardino Ferreira • João Tamagnini Barbosa (2.ª vez) José Relvas Domingos Pereira António Maria Baptista (interino) Domingos Pereira (continuação) Alfredo de Sá Cardoso António Granjo (não empossado) Alfredo de Sá Cardoso (reconduzido) Domingos Pereira (2.ª vez) António Maria Baptista José Ramos Preto (interino) João Pedroso de Lima • António Granjo (interino) Felisberto Pedrosa Álvaro de Castro Liberato Pinto Bernardino Machado (2.ª vez) Abel Hipólito António Granjo (2.ª vez) Manuel Maria Coelho • Carlos Maia Pinto Francisco da Cunha Leal António Maria da Silva António Ginestal Machado Alfredo de Sá Cardoso (2.ª vez) Alfredo Rodrigues Gaspar José Domingues dos Santos Vitorino Henriques Godinho Germano Martins • Domingos Pereira (3.ª vez) António Maria da Silva (2.ª vez)

Bandeira ministerial portuguesa
« Monarquia Constitucional
Segunda República »
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Celestino de Almeida José de Freitas Ribeiro António Macieira (interino) Joaquim Cerveira de Albuquerque Artur de Almeida Ribeiro Alfredo Augusto Lisboa de Lima Alfredo Rodrigues Gaspar Joaquim Pimenta de Castro (interino) Teófilo da Trindade José Maria Teixeira Guimarães Junta Constitucional José Jorge Pereira José Maria Norton de Matos Alfredo Rodrigues Gaspar (2.ª vez) António José de Almeida Afonso Costa (interino) • António José de Almeida (continuação) Ernesto de Vilhena Junta Revolucionária João Tamagnini Barbosa Alexandre de Vasconcelos e Sá Alfredo Baptista Coelho José Carlos da Maia Domingos Pereira (interino) João Soares Alfredo Rodrigues Gaspar (3.ª vez) Alfredo de Sá Cardoso (interino) Álvaro de Castro José Barbosa (não empossado) Jorge de Vasconcelos Nunes (não empossado; interino) Álvaro de Castro (reconduzido) Celestino de Almeida (interino) José Barbosa Fernando de Utra Machado Vasco Guedes de Vasconcelos Manuel Ferreira da Rocha • Jaime de Sousa António de Paiva Gomes Tomé de Barros Queirós Celestino de Almeida (2.ª vez) Manuel Ferreira da Rocha (2.ª vez) Carlos Maia Pinto (não empossado) José Eduardo de Carvalho Crato (não empossado) Manuel Maria Coelho • Carlos Maia Pinto Tomás Fernandes Francisco Rego Chaves Alfredo Rodrigues Gaspar (4.ª vez) António Vicente Ferreira Álvaro de Castro (2.ª vez) Mariano Martins Álvaro Bulhão Pato Carlos de Vasconcelos António de Paiva Gomes (não empossado) Henrique Paço d'Arcos Filémon Duarte de Almeida Isidoro Pereira Leite Domingos Pereira (interino) Ernesto Vieira da Rocha

Bandeira ministerial portuguesa
« Monarquia Constitucional
Segunda República »
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António Maria da Silva Eduardo Alberto Lima Basto Junta Revolucionária Feliciano da Costa Henrique Forbes de Bessa • Eurico Cameira Augusto Dias da Silva • Jorge de Vasconcelos Nunes José Domingues dos Santos José Joaquim Fernandes de Almeida (não empossado) José Domingues dos Santos (reconduzido) Amílcar Ramada Curto Bartolomeu Severino José da Costa Júnior • Júlio Ernesto de Lima Duque Adriano Pimenta (não empossado) António Joaquim Ferreira da Fonseca (interino) José Domingues dos Santos (2.ª vez) Tomé de Barros Queirós (interino) Júlio Ernesto de Lima Duque (2.ª vez) António Pires de Carvalho (interino) Alfredo Azevedo e Sousa • Manuel Maria Coelho (interino) António Alberto Torres Garcia (não empossado) Francisco Trancoso (interino) Augusto Alves dos Santos Vasco Borges (interino no final) Leonardo Coimbra (interino) Alberto Rocha Saraiva Pedro Pita (interino) Júlio Ernesto de Lima Duque (3.ª vez) Rodolfo Xavier da Silva João de Deus Ramos Ângelo Sampaio Maia • António do Lago Cerqueira Francisco Alberto da Costa Cabral

Bandeira ministerial portuguesa
Segunda República »
  • v
  • d
  • e
32.º governo republicano (1921)
Presidente do Ministério
Manuel Maria Coelho
Manuel Maria Coelho, 82.º chefe de governo de Portugal
Ministros
Interior
Manuel Maria Coelho
Justiça e dos Cultos
Vasco Guedes de Vasconcelos não empossado António Arez
Finanças
Francisco António Correia
Guerra
José Cortês dos Santos
Marinha
Vítor Macedo Pinto não empossado Francisco Luís Ramos
Negócios Estrangeiros
Comércio e Comunicações
António Pires de Carvalho
Colónias
Carlos Maia Pinto não empossado José Eduardo de Carvalho Crato não empossado Manuel Maria Coelho interino Carlos Maia Pinto
Instrução Pública
Trabalho
António Pires de Carvalho interino Alfredo Azevedo e Sousa • Manuel Maria Coelho interino
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