Massacre de Barrios Altos

O massacre de Barrios Altos ocorreu em 3 de novembro de 1991 em Barrios Altos, um bairro de Lima, no Peru. Quinze pessoas foram mortas (incluindo uma criança de 8 anos) e outras quatro ficaram feridas por agressores que posteriormente foram identificados como elementos do Grupo Colina, destacamento militar formado por integrantes das Forças Armadas do Peru com o objetivo de eliminar extrajudicialmente pessoas supostamente ligadas ao grupo terrorista Sendero Luminoso.[1]

Esses assassinatos se tornaram um símbolo das violações de direitos humanos cometidas durante o governo de Alberto Fujimori (28 de julho de 1990 – 22 de novembro de 2000). O caso foi levado à Corte Interamericana de Direitos Humanos. Em agosto de 2001, em conformidade com a sentença da Corte Interamericana, o governo peruano concordou em pagar US$ 3,3 milhões em indenização às vítimas e familiares.[2] O caso também integrou o material analisado pela Comissão da Verdade e Reconciliação (Peru) após a queda do governo Fujimori em 2000.

Em 2007, após ser extraditado do Chile, Alberto Fujimori foi julgado e condenado a 25 anos de prisão por sua responsabilidade no massacre e pela corte considerar esses assassinatos seletivos como crimes contra a humanidade.[3] A Suprema Corte de Justiça determinou que nenhuma das vítimas tinham ligações com algum grupo subversivo.[4]

Massacre

Na noite de 3 de novembro de 1991, uma festa popular, uma pollada, foi realizada no primeiro andar do edifício localizado na rua Jirón Huanta, nº 840, para arrecadar fundos para consertar o serviço de drenagem da fazenda.[5][6] Por volta das 22h30, seis indivíduos armados e encapuzados entraram no prédio após descerem de dois veículos. Os agressores, com o rosto coberto com balaclavas, ordenaram que os participantes da reunião se deitassem no chão, onde foram baleados indiscriminadamente por cerca de 2 minutos, matando 15 deles, entre eles Javier Ríos Rojas, menor de 8 anos e ferindo gravemente outras 4 pessoas, uma das quais ficou tetraplégica permanente. Os atacantes então entraram nos veículos e fugiram para o sul, nos arredores de Lima, encontrando-se na praia militar La Tiza, onde comemoraram o sucesso da operação.[7][8] Durante a investigação, a polícia encontrou no local do incidente 111 cápsulas e 33 projéteis do mesmo calibre.

Ver também

  • Grupo Colina
  • Massacre de La Cantuta

Referências

  1. «'Seu filho está morto': o trauma dos massacres da era Fujimori no Peru». BBC Brasil 
  2. «Peru to Pay Relatives for Massacre». Associated Press. 23 de agosto de 2001 
  3. «Alberto Fujimori, condenado a 25 años de cárcel por delitos contra los derechos humanos». El País. 7 de abril de 2009 
  4. «Víctimas de las masacres de Barrios Altos y La Cantuta no eran terroristas». El Comercio. 7 de abril de 2009 
  5. «Barrios Altos, 30 años en busca de justicia y sanción a los responsables». La República 
  6. «Caso Barrios Altos Revive». Caretas. 12 de outubro de 2000 
  7. «Un ex integrante del grupo Colina dice que ensayaron ocho veces la matanza de Barrios Altos». Casa de América 
  8. «Los testimonios que acechan a Fujimori». El País. 26 de setembro de 2007 

Notas

  • Las Ejecuciones Extrajudiciales en Barrios Altos" (1991), relatório da CVR
  • Portal dos direitos humanos
  • Portal do Peru