Golpe de Estado na Gâmbia em 1994

Golpe de Estado na Gâmbia em 1994
Data 22 de Julho de 1994
Local Gâmbia
Casus belli Corrupção, descontentamento do Exército
Desfecho Golpe de Estado é bem sucedido.
  • Dawda Jawara é deposto.
Beligerantes
Governo da Gâmbia Facção militar
Comandantes
Dawda Jawara Yahya Jammeh
Arco 22, construído em Banjul durante o regime de Jammeh para comemorar o golpe de Estado.

O golpe de Estado na Gâmbia em 22 de julho de 1994, também conhecido pelo regime de Jammeh como Revolução de 22 de Julho,[1] depôs o governo de Dawda Jawara. O golpe de Estado foi liderado pelo Tenente Yahya Jammeh, que possuía apenas vinte e nove anos. Esta interrupção constitucional inaugurou vinte anos e meio de autoritarismo militar que terminou somente com a derrota eleitoral de Jammeh[2] e sua expulsão após uma intervenção por parte da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) em 2017.[3]

Antecedentes

Dawda Jawara, que governava o país desde a independência em 1965 e era presidente desde a conversão do país em República em 1970, foi reeleito democraticamente em 1992, com um mandato destinado a terminar em 1997.[4] O governo de Jawara havia deixado a Gâmbia como um dos países mais pobres do mundo, onde o analfabetismo chegava a 70% e a renda per capita chegava somente a $ 300 por ano.[5]

Em 1981, o Senegal (que rodeava quase completamente o território gambiano e considerava uma ameaça à sua integridade qualquer instabilidade no enclave), havia intervindo no país e reprimido uma tentativa de golpe contra Jawara por um grupo marxista.[6] Depois disso, Jawara organizou uma integração regional e formou a Confederação da Senegâmbia. No entanto, em 1989, após a recusa de Jawara de realizar uma união monetária, a confederação se dissolveu, provocando um resfriamento na relação entre os dois países, sendo este o motivo provável pelo qual o Senegal não interveio na Gâmbia durante o golpe.[7]

Desenvolvimento

Em 22 de julho, o grupo golpista tomou o controle de vários pontos importantes da capital, Banjul, sem encontrar praticamente nenhuma resistência.[8] Jawara partiu para o exílio no Senegal, no mesmo dia, sem tentar defender o seu mandato.[8] O grupo golpista autoidentificou-se como Conselho de Governo Provisório das Forças Armadas (CGPFA), e designou Jammeh, com vinte e nove anos de idade, como chefe de Estado interino.[8] Depois de chegar ao poder, o Conselho de Governo Provisório suspendeu a Constituição, cerrou as fronteiras, e implementou um toque de recolher. Embora o novo governo de Jammeh justificasse o golpe ao desacreditar a corrupção e a falta de democracia sob regime de Jawara, a verdade era que o pessoal do exército também estava insatisfeito com seus salários, condições de vida e perspectivas de ascensão.[8]

Consequências

A nível local, o golpe foi recebido com o apoio dos setores mais pobres da população, que comemoraram o mesmo.[5] No entanto, tanto a população alfabetizada do país como os principais parceiros econômicos da Gâmbia, os Estados Unidos e a União Europeia, ficaram alarmados, e iniciaram uma pressão para o rápido retorno ao governo civil.[5] Jammeh inicialmente prometeu que o Conselho Militar seria composto por soldados e declarou que todos regressariam "aos seus quartéis" uma vez que a situação estivesse acalmada, declaração que foi recebida com ceticismo.[5]

Ostentando o poder de facto, Jammeh decretou a revogação da Constituição de 1970 e proibiu toda atividade política no país. Dois anos após o golpe, foi promulgada uma nova Constituição, e em 1996, após uma contestada eleição, se retornou a um governo civil conduzido por Jammeh, com várias restrições à oposição.[9][10]


Referências

  1. 22 Years of the 22nd July Revolution 21 de Julio de 2016
  2. «El presidente saliente de Gambia felicita a Adama Barrow por su victoria en las elecciones». lainformacion 
  3. «El expresidente de Gambia Yahya Jammeh acepta dejar el poder y abandonar el país - RTVE.es» (em espanhol). RTVE.es. 20 de janeiro de 2017 
  4. Nohlen, D, Krennerich, M & Thibaut, B (1999) Elections in Africa: A data handbook, p. 420 ISBN 0-19-829645-2
  5. a b c d «In Gambia, New Coup Follows Old Pattern». The New York Times 
  6. Uppsala Conflict Data Program, Gambia, In depth: Economic crisis and a leftist coup attempt in 1981.
  7. Gambian Government overthrown in military coup - South African History
  8. a b c d Wiseman, John A., Africa South of the Sahara 2004 (33rd edition): The Gambia: Recent History, Europa Publications Ltd., 2004, page 456.
  9. Wright, Donald (2010). The World and a Very Small Place in Africa: A History of Globalization in Niumi, The Gambia third ed. Armonk, New York: M.E. Sharpe. 217 páginas. ISBN 978-0-7656-2483-3 
  10. French, Howard W. (28 de setembro de 1996). «Military Ruler in Gambia Defeats Rivals in Election». The New York Times 

Bibliografia

  • Saine, Abdoulaye S.M. (1996). «The Coup d'Etat in The Gambia, 1994: The End of the First Republic». Armed Forces & Society. 23 (1): 97–111 
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em castelhano cujo título é «Golpe de Estado en Gambia de 1994».
  • v
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Década de 1960
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  • c: golpe bem-sucedido
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  • sem sinal: tentativa de golpe
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Golpes, autogolpes e tentativas de golpes desde 1991
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